Prof. Marcio Carneiro

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A ARTE FRANCESA


Desenho de cama da Renascença francesa, feito por Du Cerceau, combinando motivos clássicos (alguns distorcidos). A armação é do séc. XVI, os pilares derivam da forma usual do bolbo, mas disfarçando-a. Os capitéis coríntios são corretos, assim como o friso de máscaras de leão, folhas de acanto e antemios. Os pés são em garras e dois pássaros parcialmente depenados na cabeceira da cama dão o toque bizarro.

Foi imensa a contribuição artística da França para a humanidade, desde o período Gótico, até chegar ao apogeu no século XVIII, quando Paris – desbancando Roma – se tornou a capital das artes na Europa e no mundo. O maior responsável pela preponderância francesa nesse campo foi, sem dúvida nenhuma, Luís XIV, com sua corte faustosa, que criou o cenário ideal de um gênero de vida. Sim, porque a arte francesa tem um caráter palaciano.

Os períodos da arte francesa podem ser divididos em Pré-Renascença (1484-1547), Renascença (1547-1589), Alta Renascença (1589-1643), Barroco (1643-1715), Regência (1715-1723), Rococó (1725-1774), Neoclássico (1774-1789), Revolução e Diretório (1780-1804), Império (1804-1814) e Luís Filipe (1830-1840). Os estilos de arte na França são conhecidos também pelos nomes dos reis dos diversos períodos. Assim, o Barroco foi na época de Luís XIV, o Rococó foi Luís XV, Neoclássico Luís XVI, etc.

RENASCENÇA FRANCESA

Mesmo em face dos fortes interesses artísticos do povo francês, demonstrado pela perfeição da sua arquitetura gótica na Idade Média, foram relativamente de pequena importância as realizações dos artistas desse país na época da Renascença. Houve um pequeno progresso na escultura e um modesto avanço na arquitetura. Foi nesse tempo que se construiu o Louvre, enquanto numerosos castelos erigidos no país representavam uma tentativa mais ou menos bem sucedida de combinar a graça e a elegância do estilo italiano com a solidez do castelo medieval. São exemplos do estilo misto Gótico-Renascença na França, a igreja de São Eustáquio, em Paris, o Hotel de Bourgtherolde, em Rouen e a igreja de São Pedro, em Caen. Os feitos mais notáveis da Renascença Francesa, entretanto, ocorreram no campo literário e filosófico.

Foi no reinado de Francisco I o real começo da Renascença na França (Pré Renascença). Vindo derrotado da Itália, onde conheceu e admirou a nova forma de arte daquele país, Francisco trouxe para a França Leonardo da Vinci, Cellini, Vignola, Primattico e vários outros. É do seu tempo a construção dos famosos castelos do Loire, com arquitetura Clássica. Depois, e "Île de France" o rei construiu os palácios de Fontainebleau e Saint-Germain. Foi ele que construiu o Louvre em local onde antes estava o antigo castelo de Carlos V. O arquiteto do Louvre foi Pierre Lescot e o escultor foi Jean Goujon. Até o reinado de Francisco I os interiores das casas e palácios eram muito mais Góticos do que Renascença, observando-se muito raramente uma ou outra feição italiana.

Mesmo baseado no modelo italiano, a Renascença francesa mostrou logo de início a diferença existente entre os dois povos. Se por um lado a Renascença italiana resplandece em beleza, ostentação e luxo, a francesa faz a opção pelo gosto mais refinado, mais alegre e delicado do temperamento francês. Enquanto a arte italiana e flamenga mostram seriedade e a espanhola exibe dramaticidade, a arte francesa demonstra alegria. Com a morte de Francisco I sobe ao trono Henrique II, de natureza sombria e bélica, pouco entendendo de arte. Destaca-se então Catarina de Médicis, que protegeu vários artistas. Na época de Henrique II nota-se a eliminação total de motivos góticos, ganhando a Renascença uma certa sobriedade e um caráter nacional. Desaparecem as torres arredondadas, sendo a cúpula substituída por tetos de pedra com maravilhosas esculturas. São exemplos os castelos de Écouen, de Valença no Berry e o castelo de Tenlay na Bourgogne. Também na decoração de interiores nota-se a eliminação de motivos góticos e a introdução da linha clássica. Depois de Henrique II, a França foi devastada por guerras civis e religiosas durante os reinados de Francisco II, Carlos IX e Henrique III. Após a trágica morte deste último, a situação do país era de quase ruína.

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