Para se compreender um pouco do humanismo que expressou-se como
a filosofia do renascimento, devemos nos remeter a literatura medieval, de um dos maiores poetas da língua italiana, Petrarca(1304-1374). Petrarca estudou em muitas cidades, viajou pela Itália e pelo restante da Europa a serviço de príncipes e Estados, contudo fora esta vida movimentada, dividida entre o ar bucólico de sua casa em Vauciuse com os movimentados salões de cortes, que Petrarca desenvolveu sua visão de vida, que deu origem ao humanismo, assim alguns historiadores creditam a Petrarca a base do humanismo. Petrarca fora um grand poeta, mas ele também fora um filólogo e tradutor, publicou, e coordenou a tradução de vários manuscritos antigos, que abordavam estudos históricos e filosóficos. Com isso ele revivia a apreciação pelo conhecimento antigo, em especial pelos romanos e gregos, e tais histórias foram publicadas sob o nome de: Sobre os homens ilustres (1338), A vida solitária (1346-1356), O repouso dos religiosos (1347). Na poesia suas obras mais famosas foram,África (1338), Cartas (1366), As rimas e Os Triunfos, reunidos postumamente em um livro chamado Canzoniere (1470).
"Modelo de poeta elegíaco, expremiu sua divisão entre as aspirações ascéticas e as seduções do mundo por meio de múltiplos jogos de antíteses, que constituem um dos elementos fundamentais do petraquismo". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural. 1998, v. 19, p. 4582).
Petrarca pode ter sido famoso em vida e depois, mas antes de se tornar famoso outro poeta já assumia este posto, Dante Alighieri (1265-1321). Dante, fora um politico, poeta, escritor, filólogo e filósofo italiano, conhecido principalmente por ser autor da Divina Comédia, obra que lhe consagrou na história. Na Divina Comédia, Dante abordava temas de sua época, envolvidos num universo que mesclava o cristianismo com o paganismo greco-romano, Dante criou uma história que o remete desde personagens mitológicas e reais da Antiguidade Clássica, a personagens bíblicas. Sua menção aos poetas romanos, aos filósofos gregos e outras personalidades históricas, encaminhava a literatura medieval para o que viria ser o estilo renascentista.
Todavia outro poeta que deu continuidade ao estilo dantesco e petrarquista fora Giovanni Boccaccio (1313-1373). Boccaccio navegou entre o religioso, o pagão, o profano e o humano, sua obra mais famosa fora o Decamerão, um conjunto de dezenas de novelas, que retratar a realidade da vida na época de Boccaccio, algo que as novelas de hoje procuram fazer em parte. No entanto, o Decamerão marca uma ruptura da moral e do conservadorismo medieval, adentrando ao humanismo renascentista, que passou a enxergar o mundo pelos olhos dos homens.
"A Retórica e a Poética de Aristóteles e a Arte poética de Horácio forneceram os principais elementos literários da Renascença". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, v. 20, p. 4986).
A poesia búcolica, inspirada em Virgílio (70-19 a.C), influenciou os poetas do século XV e XVI, não apenas na Itália, mas também na França e na Espanha. Poemas com temas mitológicos passaram a ter um maior gosto entre os leitores, principalmente aqueles que abordavam histórias famosas, ou que expressavam a tradição da tragédia e da comédia grega.
"O gosto pastoril manifestou-se claramente no Orfeu de Angelo Poliziano, na Aminta de T. Tasso, no Pastor Fido de Guarini, na Arcádia de Sannazzaro, na Diana enamorada, de Jorge Montemayor e e L'Astrée, de H. D'Urfé". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, v. 20, p. 4987).
Na França o escritor, médico e padre Rabelais (1494-1553), fora representante do estilo renascentista ou italianismo como ficou conhecido na época. Suas obras mais famosas são Pantagruel e Gargântua. O escritor e ensaísta Michel de Montaigne (1533-1592), fora outro representante deste estilo, suas obras mostravam um profundo ceticismo.
Na Espanha, escritores como Juan Boscán, Garcilaso de la Vega e Juan de Yepes, são alguns de seus principais representantes. Os espanhoís desenvolveram um estilo liríco próprio, que fora bem recebido. Em Portugal tivemos, Gil Vincente e Bernadim Ribeiro, tidos como pré-renascentistas, dentre os humanistas, nomes como, Jerônimo Barbosa, André de Resende e André de Gouveia. E não esquecemos do grande poeta desta época, Luiz Vaz de Camões (1524-1580), autor dos Lusíadas (1572).
Na filosofia humanista encontram-se nomes como de Erasmo de Roterdão(1466-1536), teólogo, padre e humanista holandês, escreveu Elogio da Loucura (1511) o qual esboça uma crítica aos dogmas da Igreja Católica e ao mesmo tempo, compartilha alguns dos pontos defendidos por Martin Lutero na Reforma, além de realizar uma crítica a moral social e virtuosa dos homens. Na mesma, época, o grande amigo de Erasmo, São Tómas Morus (1478-1535), estadista, diplomata, escritor e advogado inglês, exerceu o cargo de primeiro-ministro ou lorde chanceler no governo de Henrique VIII. Morus não concordava plenamente com a politica do rei, e isso lhe custou a sua própria vida. Moro fora o autor do famoso tratado politico chamado a Utopia (1516), neste livro, ele imaginou uma sociedade e um Estado perfeitos, localizados numa pequena ilha chamada Utopia, o governo seria uma república governada por homens sábios e benevolentes. A sociedade seria culta, haveria incentivo a se buscar o conhecimento, as boas maneiras, aos dons artisticos e artesanais; a vida seria custeada pelo Estado, trabalharia-se poucas horas por dia, e teria-se mais tempo para o lazer. A Utopia se tornou uma crítica aos governos monarquícos e democratas decadentes da Europa, e uma visão ideal de mundo, fato este que o termo utopia se tornou algo fantasioso, surreal, dificil de ser alcançado.
Pico della Mirandola (1463-1494), fora um filósofo e humanista italiano, um dos nomes importantes da filosofia renascentista. Mirandola fora um neoplatonista, o qual procurou reviver os ensinamentos de Platão. Ele abordou questões ligadas as artes, as ciências, a filosofia, politica e religião.
Por fim encerro este longo texto por aqui, sei que faltou mencionar a música, mas devido a falta de fontes mais ricas, me restri a escrever o que já foi mencionado.
NOTA: Fra Angelico era também conhecido pelo nome de Giovanni da Fiesole. No entanto seu nome de batismo era Guido de Pietro di Trosini. Fra Angelico fora um apelido dado pelos monges da sua ordem, a Ordem Dominicana.
NOTA 2: Tintoretto significa "pequeno tintureiro", em referência ao fato de que seu pai possuia uma tinturaria, onde ele quando criança, Tintoretto costumava brincar.
NOTA 3: Titian era um apelido de Ticiano Vecellio.
NOTA 4: No afresco O Juízo Final, Michelangelo seu autorretrata pintando-se como sendo a pele esfolada de São Bartolomeu, o qual teria sido esfolado vivo.
Referências Bibliográficas:
BYINGTON, Elisa. O projeto do Renascimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2009.
DESIDÉRIO, Erasmo. Elogio da Loucura. Tradução de Paulo Neves, Porto Alegre, L&PM, 2010. p. 134-138.
GERLINGS, Charlotte. 100 Grandes Artistas: Uma viagem visual de Fra Angelico a Andy Warhol. Tradução de Luíz Antônio C. Andrade. China, EDIC, 2008.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. v. 1, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. v. 4, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. v. 15, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
Grande Enciclopédia Laurosse Cultural. v. 19, São Paulo, Nova Cultural, 1998.Grande Enciclopédia Laurosse Cultural. v.20, São Paulo, Nova Cultural, 1998.
MORUS, Tómas. A Utopia. Tradução de Paulo Neves, Porto Alegre, L&PM, 2009. p. 7-9.
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