O desenho do ícone segue regras precisas, que foram elaboradas ao longo de ano e deram origem aos cânones. A composição segue sempre estruturas geométricas, que estabelecem a harmonia entre os diversos elementos.
Os antigos mestres iconógrafos passavam horas se exercitando no desenho, e não permitiam que um iniciante desenhasse, mas apenas copiasse os protótipos, para que eles não se alterassem. Embora seja recomendado seguir fielmente os protótipos ao invés de desenhar novos modelos, é bom termos noções de como é o desenho do rosto bizantino, uma vez que ele tem regras próprias, que não seguem o naturalismo ocidental ao qual estamos acostumados.
As proporções do corpo humano foram se alterando conforme o passar dos séculos. No século 12 usavam a proporção de 1:7 cabeças, mas a partir do século 14, na Rússia, as figuras começam a se alongar, passando a ter 1:8, 1:9 e até mesmo 1:10.
No rosto, usa-se a teoria dos três círculos. A base de medida do rosto de um ícone é o tamanho de seu nariz. Com essa medida, traça-se o primeiro círculo, que na parte de baixo passa pela ponta do nariz e na parte de cima toca o alto da testa. A seguir, usando o mesmo ponto central, usa-se como raio duas medidas do nariz e traça-se um segundo círculo, que determinará o tamanho da cabeça, desde o queixo até o alto do cabelo. Depois um terceiro círculo, com o raio de três medidas do nariz, determinará o nimbo ou halo.
Se a figura estiver a meio perfil, a regra continua valendo, mas com o eixo deslocado:
Os personagens, quando sozinhos, representados a meio busto ou de corpo inteiro, nunca são representados de perfil, mas sempre em posição frontal, olhando para frente. Isso porque nessa posição eles induzem a um contato direto com aquele que os admira e venera.
Como regra geral, todo o rosto do Santo, ou pelo menos três quartos, é representado. Kontaglou diz que isso é assim porque “um homem espiritual não pode ser representado incompleto, com apenas um olho”. As figuras mostradas de perfil, em geral em composições, geralmente não possuem halos, e não são santas. Assim há uma tendência a mostrar Judas e os demônios de perfil.
O Nariz
Ele será sempre fino, com uma “gota” em sua extremidade. A largura das narinas determinará a largura da boca. A distância entre a ponta do nariz e o queixo é de uma medida do nariz e será dividida em três partes. A primeira vai do nariz até o meio dos lábios. A segunda do meio dos lábios até a curva do queixo e a terceira daí à base do queixo, como mostra a figura abaixo.
O nariz será dividido em três partes, sendo que a base é um pouco alargada. A parte central é a mais longa. Fina e levemente mais grossa no centro, seu tamanho equivale à soma das duas outras partes. Quando de meio perfil, apenas uma das narinas estará aparecendo.
O nariz tem de um lado uma linha mais escura, e do outro lado o contorno se evidenciará por meio das luzes e não de uma grafia. As narinas serão claras, porém um pouco mais escuras que a parte mais iluminada central.
A Boca
A boca está sempre fechada, nunca sorrindo. Seu tamanho não deve ultrapassar a largura do nariz. O lábio inferior tem a base ligeiramente achatada, não arredondada. Eles devem ser apenas esboçados, para tirar a sensualidade da figura. O lábio inferior receberá uma luz, sendo sempre um pouco mais claro que o superior.
A grafia do lábio superior é como um “m” e a linha do meio acompanha essa forma, não devendo ser um traço reto.
Os Olhos
O olho é como uma amêndoa em cujo interior se encontra a íris, representada por uma esfera achatada, cuja parte superior não se pode ver, pois está dentro da pálpebra. A pálpebra inferior não deve estar unida à superior. Os olhos em geral são grandes e tendem a formar um semicírculo. A sobrancelha é um pouco alta, dando certo dinamismo.
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