Prof. Marcio Carneiro

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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Arcadismo

Arcadismo


O Arcadismo, Setecentismo (anos 1700) ou Neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do séc. XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa.
No início mostrava o barroquismo literário em plena decadência.
Uma literatura empolada, de louvação e encômios, em linguagens exageradamente metafórica, arrevesa e sentenciosa, praticada à sombra das academias. Mas, com declínio da aristocracia e com ascensão da burguesia, sente-se a tendência para uma renovação do gosto literário e do credo estético, com o esgotamento da literatura cortês do barroco. Desenvolve-se uma reação contra o barroquismo do seiscentos, expressa num amplo movimento de restauração classicizante, em que o espírito clássico ressurge sob a forma de neoclassicismo.

O Arcadismo

No séc. XVIII, as formas artísticas do Barroco já se encontram desgastadas e decadentes. O fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio político-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-reforma, nega-se a educação jesuíta praticadas nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura que surge para combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e contraditória é o Neoclassicismo, que objetiva restaurar o equilíbrio por meio da razão.
Dentre as variedades do neoclassicismo, figurou o movimento arcádico. No final do séc. XVII, fixou residência em Roma a jovem ex-rainha Cristina da Suécia, que renunciara ao trono e ao luteranismo, convertendo-se ao catolicismo. Inteligente e culta, desde a Suécia habituara-se a cercar-se de sábios e artistas, para discussão e leitura de trabalhos literários. Em Roma, atraiu para essas reuniões a fina flor da inteligência local, formando um cenáculo intelectual que, após sua morte, se transformaria na Arcádia (1690). Nasceu , assim, com regulamentos e programas, a nova academia, composta de 16 membros. Tinha o objetivo de reconduzir à fonte da natureza, à simplicidade de sentimento e de estilo, a poesia e, em geral, a literatura, que, na opinião dos seus componentes, estavam desviadas pelos cattivo gusto, herança do seiscentismo. O nome de Arcádia era dado na Grécia antiga à região do Peloponeso, morada do deus Pan, e onde a tradição imaginava residirem todos os pastores com seus míticos e plácidos costumes, em contato com a natureza, onde residiam a beleza, pureza e espiritualidade. Procuravam adoçar a dureza do viver mercê de uma disposição para o canto e a dança, as canções de amor e as pugnas poéticas, caracterizadas pela espontaneidade e simplicidade. Segundo Toffanin, era a pátria da antiga poesia pastoral. Por isso, o nome foi transferido para a academia italiana, acrescentando-se ainda a particular ressonância obtida pelo romance pastoral de Jacopo Sannazareo (1458-1530), intitulado Arcádia (1504). Os membros da nova Arcádia chamavam-se “pastores”, cada um adotando um nome pastoril, grego ou latino, sendo o presidente eleito e designado “guardião geral”.
As reuniões eram realizadas em parques e jardins. No combate ao estilo empolado do Barroco decadente, com sua retórica artificial e suas sutilezas conceptistas, visava o arcadismo ou movimento arcádico retornar à simplicidade, equilíbrio, naturalidade e clareza dos modelos clássicos, restabelecendo a poética antiga, a forma clássica, o buono stile, a naturalezza Del dire, na linha da liberdade e simplicidade anacreôntica e pindárica, ou de conformidade com o petrarquismo quinhentista, cantando o amor, a natureza, a vida simples e bucólica. Do ponto de vista formal, a simples e idílica alma lírica setecentista encontrou no verso solto, nas odes e elegias o instrumento ideal. Criou assim um novo estilo individual e de época, englobando-se no rococó literário.
Além do seu caráter democrático, a Arcádia teve uma tendência supernacional. O movimento de reforma literária e lingüística irradiou-se em filiais pelos diversos reinos e cidades da Itália e em numerosos países estrangeiros, que se denominaram “colônias”.
Da Itália, o movimento arcádico passou a Portugal e ao Brasil. Empenhando que estava Portugal, no séc. XVIII, numa reação anti-castelhana, inclusive como reação paralela a restauração da independência, o movimento arcádico encontrou boa acolhida. As academias do século anterior foram-se transformando em corporações, do tipo ora arcádico, ora científico. De qualquer modo, no sentido da tradição clássica e também abrindo-se à influência francesa, que invadia o século.
Em Portugal, o arcadismo instalou-se com a Arcádia Lusitana (1756-1774), reunindo escritores de renome: Antônio Dinis da Cruz e Silva, Gomes de Carvalho, Manoel de Figueiredo, Cândido Lusitano, Domingos dos Reis Quita, Correia Garção, José Caetano de Mesquita. Houve, ainda, a nova Arcádia, no final do século XVIII, de que foram membros Bocage e José Agostinho de Macedo.
Com o arcadismo desenvolve-se no Brasil a primeira produção literária adaptada à realidade
nacional. As obras começam a se afastar dos modelos portugueses ao descrever as paisagens locais e criticar a situação política do país. Surgem vários poetas em Vila Rica, atual Ouro Preto (MG) – capital cultural e centro de riqueza na época –, grande parte deles ligada à Inconfidência Mineira. Os árcades constituem a primeira geração de escritores brasileiros.
A transição do barroco para o arcadismo no país dá-se em 1768, com a publicação do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Entre os árcades destacam-se, ainda, Tomás Antônio
Gonzaga, autor de Marília de Dirceu; Basílio da Gama (1741-1795), de O Uraguai; e Silva Alvarenga (1749-1814), de Glaura. Apesar do engajamento pessoal, a produção desses autores não está a
serviço da política.

Características

Urbem (fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades fugere defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distantes dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompem os costumes do homens, que nasce naturalmente bom.
Aurea mediocritas (vida medíocre materialmente mas rica em realizações espirituais): outro traço presente advindo da poesia horaciana é a idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e infeliz na cidade.
Ideas iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo veicula também certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, ideais do iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o absolutismo. Embora não sejam a preocupação central da maioria dos poetas árcades. Idéias de liberdade, justiça e igualdade social estão presentes em apens alguns textos da época.
Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são artificiais;não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um pastor que confessa seu amor pr uma pastora e a convida para aproveitar a vida juntos à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos, levando o poeta a racionaliza. Ou seja, o que mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas clássicos, e não expressar os sentimentos. Além disso mantém-se o distanciamento entre os amantes, que já se verifica na poesia clássica.

Conclusão

O Arcadismo em si, era formado por ideais renascentistas, da Antigüidade Clássica, pois o Barroco já havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade.
Por emitir também princípios ideológicos iluministas, o arcadismo fez com que a burguesia crescesse e tomasse o poder sobre a nobreza.
Esse período foi marcado pela visão científica e pelo racionalismo, porque defendia uma literatura mais simples, objetiva, descritiva e espontânea, que se supõe à emoção, à religiosidade e ao exagero do Barroco.
Tal gênero predominou até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.

2 comentários:

  1. Professor, quem é o autor da tela que abre seu trabalho?
    A mulher com uma janela ao fundo e ao lado de um vaso de flores. Estou fazendo um PPT para as minhas turmas, mas não gosto de exibir as telas sem os nomes dos pintores. Sou professora de Literatura, e a Arte é minha grande companheira em todas as aulas que dou.

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  2. eu também gostaria de saber o nome do autor da tela!!!

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