Prof. Marcio Carneiro

Prof. Marcio Carneiro
Artista Plástico Márcio Carneiro

Seguidores

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina.

domingo, 6 de março de 2011

Estilo Românico (+/- do ano 1000 a 1200) .

Por volta do início do século XI, o românico se definiu como estilo na Europa ocidental, favorecido pelo poder das ordens monásticas, pelas grandes peregrinações religiosas e pelo desenvolvimento do sistema feudal. Tal estilo inspirou as produções da primeira arte tipicamente européia, pois suas manifestações se estenderam, com características semelhantes, de Portugal até o leste da Europa e das ilhas Britânicas à Itália.
Entende-se por românico o estilo artístico que se elaborou pouco a pouco desde fins do século X, firmou-se, com características próprias, no início do XI, e perdurou na Europa cristã até o início do século XIII, antecedendo ao gótico.

O termo "românico" foi criado, no século XIX, por arqueólogos que procuravam relacionar essas manifestações medievais à arte dos antigos romanos.

Distingue-se o românico pela preocupação em distribuir os espaços de forma que a parte pudesse ser divisada em separado, mas sempre subordinada ao todo, assim como por um sentimento de superfície e textura, manifestado na adoção de materiais suntuosos, na decoração das superfícies, na riqueza do colorido e na diversidade das texturas.

O românico surgiu num momento em que a cristandade se encontrava empenhada em atividade criadora e expansionista, época de reformas monásticas e de consolidação tanto do poder espiritual quanto do temporal.

A uniformidade do românico deveu-se, em grande parte, à influência do mosteiro de Cluny, na França, que ditou novo modo de vida monástica e também, correspondendo a ele, uma nova concepção arquitetônica. Igualmente importante, na difusão do estilo, foram as peregrinações religiosas, em especial a que se dirigia a Santiago de Compostela, na Espanha: as rotas seguidas transformaram-se em canais para propagação das novas formas por toda a cristandade européia.

Escultura e pintura

A ornamentação escultórica, freqüente nos pórticos das igrejas, era também costumeira nos capitéis das colunas. Correspondia, como a pintura, a uma intenção didática: narrava episódios religiosos com a finalidade de doutrinar os fiéis, em sua maioria iletrados, por meio de linguagem visual expressiva e clara.

A escultura e a pintura românicas não se propunham à representação fiel da natureza. Tendiam, antes, a uma generalização dos traços e ao expressionismo, por enfatizarem os estados psicológicos e por darem tratamento exagerado a certos aspectos da fé, de modo a realçar as representações de interesse doutrinário, como as do mal, do pecado e do inferno.

A figura humana era representada como arquétipo, e não com traços individualizados. Havia convenções para a conformação dos corpos, as roupagens e a escala das figuras, sendo maiores as que ocupavam posição superior na hierarquia (as imagens de Deus, da Virgem e dos principais santos). Essa mesma hierarquização prevaleceu na pintura.

A escultura estava intimamente associada à arquitetura. Suas figuras, assim, ora se alongavam nas colunas, ora decoravam os capitéis e arquivoltas, ora ainda compunham, nos tímpanos, cenas repletas de personagens. Nos tímpanos, espaços semicirculares sobre as portas das igrejas, representavam-se as cenas de maior importância: o Todo-Poderoso -- o Pantocrator --, rodeado pelos símbolos dos evangelistas, ou o Juízo Final. Entre os exemplos mais significativos, destacam-se os de Moissac e Vézelay, na França, bem como os tímpanos de San Isidoro de León e da catedral de Santiago de Compostela, na Espanha. Além de assuntos oriundos do Antigo e do Novo Testamentos, proliferaram na escultura os temas do cotidiano e os extraídos de fábulas, nos quais se alcançou elevado grau de fantasia, notável nos capitéis de claustros como o de Santo Domingo de Silos, na Espanha.

Com o tempo, a escultura românica tornou-se mais naturalista. Assim como o estilo depurado se mostrou menos rígido, menos propenso às convenções, a sujeição da escultura à arquitetura se mostrou menor, permitindo que as figuras ganhassem bastante autonomia em relação ao espaço. Ocorreram evidentes progressos na transcrição da anatomia humana, na técnica do modelado e na expressão de sentimentos, à medida que a escultura românica distanciou-se da influência bizantina para atingir, no século XII, seu apogeu.

Pouco restou da pintura mural românica, que em sua maioria decorava as abóbadas e as absides das igrejas. Distinguem-se duas escolas, de regiões da França, Itália, Alemanha e Espanha: a escola dos fundos claros, mais ligada à tradição carolíngia; e a escola dos fundos azuis, influenciada pela miniatura e o mosaico bizantinos. Os murais de fundo claro, em geral amarelo, valorizavam particularmente o desenho -- em Saint-Savin-sur-Gartempe --, enquanto os de fundo azul sobressaíam pela riqueza das roupagens cheias de pedrarias -- em Berzé-la-Ville --, lembrando a arte do mosaico. Vários murais de igrejas dos Pireneus, como San Feliú de Guixols, San Clemente de Tahull e San Cugat de Valles, foram removidos dos locais de origem para o acervo do Museu de Arte da Catalunha, em Barcelona, um dos mais completos sobre o período. No final do século XII, quando começou a se firmar na Alemanha e na França, a pintura mural românica foi rapidamente suplantada, como decoração iconográfica, pelos vitrais góticos.

A iluminura ou decoração de manuscritos foi, dentro das artes da cor, a mais importante do período românico. Nos séculos X e XI recebeu a influência de Bizâncio, mas guardou reminiscências da arte bárbara em suas folhagens e animais estilizados, de entrelaçados caprichosos, sem começo nem fim, e de ricas cores entre as quais o ouro era usado com abundância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário