George Morren nasceu em Ekeren-lez-Anvers em 27 de julho de 1868, sendo o décimo-terceiro filho de um rico comerciante de cereais em Anvers, e o sexto, dentre eles, a receber formação artística.
Seu preceptor foi o pintor Emile Claus (1849-1924), dando aulas a ele e seus irmãos várias vezes por semana. Foi este mestre que induziu o pai a matricular George na Academia de Anvers, quando este completava vinte anos, mas bem cedo o jovem rompeu com a instituição, cuja disciplina não batia com seu temperamento e suas idéias.
Em 1889, um ano após ingressar na Academia, George conhece Henry van de Velde (1863-1957) e, com a influência deste, consegue visitar salões de arte e exposições de artistas independentes, fazendo seus primeiros contatos com artistas belgas e estrangeiros da vanguarda.
Seduzido pela personalidade e pela obra de van de Velde, Morren produziu, entre 1890 e 1892, várias obras, dentro de um pontilhismo fechado e controlado, mantendo o contraste de tons conforme a teoria de Seurat.
Ele, assim, se deixa levar pelos ideais de William Morris e Walter Crane, verdadeiros apóstolos da arte aplicada, de 1883 a 1900, dedica-se à produção de bijuterias e objetos utilitários, dentro da técnica ora assimilada. Enquanto isso, nesse mesmo período, aprimora sua formação artística, freqüentando, em Paris, os ateliês de Roll, Carrière, Puvis de Chavannes e Gervex.
Envolvendo-se lentamente na técnica neo-impressionista, Morren vai evoluindo progressivamente, a partir de 1892, sem perder a espontaneidade e sem deixar de lado a emoção.
Morren torna-se um admirador incondicional dos grandes impressionistas franceses, captando em especial o espírito da obra de Renoir, caracterizada pela alegria de viver, pela refinada sensualidade das jovens francesas, passeando pelos jardins, ou revelando a intimidade das banhistas.
Suas obras são expostas no Salão da Estética Livre de Bruxelas e depois se espalham em exposições internacionais, entre 1895 e 1913. Este segundo período de sua atividade artística termina pouco antes da 1ª Guerra Mundial.
Voltando um pouco no tempo. Em 1897, ele se casa com Julliete Melges e, durante anos, os dois vivem em Anvers, para, em 1910, se instalarem em Bruxelas. Mais tarde, adquire uma propriedade na França, próximo de Saint-Germain-en-Laye.
Por volta de 1913, inicia um novo período artístico (período de Saint-Germain, Toulon). Agora, as tintas são friccionadas sobre uma superfície áspera, dando a aparência de um trabalho a pastel. Mas o artista permanece fiel a si próprio, não se deixando influenciar pelas novas tendências do expressionismo e do cubismo.
Enquanto os vários movimentos do modernismo surgem e se desfazem, Morren continua pintando, em seu próprio estilo, as cenas da vida cotidiana (La pergola, 1929), interiores de delicada atmosfera, ou ramalhetes brilhantes (Pivoines, 1919), assim como paisagens atraentes, retratos profundos e graves, cheios de claridade e, é claro, os esplêndidos nus (Le Sommeil, 1922).
Voltando para sempre à Bélgica, em 1926, ele monta um panorama de sua obra na Galeria Georges Giroux, de Bruxelas. A imprensa, unanimemente, acolhe seu trabalho, elogiando a unidade perfeita entre as várias fases e a inspiração que se desprende nessa retrospectiva. Mas, paradoxalmente, a exposição tem pouco sucesso com relação ao público.
Em 1931, uma nova retrospectiva é realizada no Palácio de Belas-Artes de Bruxelas e, desta vez, finalmente, o público acorda para a importância da obra de George Morren.
Em 1934, o artista traz nova reviravolta em seu trabalho, anunciando a destruição virtual dos conceitos anteriores, para iniciar um período de síntese, na busca de um desenho mais uniforme. A pintura é transporta para a tela em finas camadas, espalhadas sobre grandes superfícies, fazendo lembrar os trabalhos em aquarela. É uma nova forma de impressionismo, que se dilui ocasionalmente nas paisagens, uma palheta que resgata o bilho e a luminosidade. A estética é efêmera, as cores se destacam no conjunto (Le bâton de rouge, 1941).
Em 1936, havia falecido sua esposa. Um ano mais tarde, ele se casa com Orpha Demets, de apenas 25 anos (ele já está com 68).
Em 1941, o artista prepara uma nova retrospectiva a ter lugar no Palácio de Belas-Artes de Bruxelas, mas é colhido pela morte. A exposição, post-mortem, vem a ocorrer em 1942, numa derradeira homenagem ao dileto filho da Bélgica.
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